quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Estado Neurótico

Não entendo. E juro que queria entender, porque queria ser assim também. Ter a capacidade de aguardar tranquilamente por Boas notícias, de manter a esperança e o optimismo, de acreditar em mim e nas minhas capacidades, de acreditar no lado bom da vida, nas surpresas positivas que nos reserva. Eu queria muito ser assim, seria certamente uma pessoa menos nervosinha, menos acelerada, menos preocupada, menos "doente"! Mas não consigo, já tentei e não sou capaz. Temo sempre o pior, preocupo-me com coisas que só acontecerão daqui a milénios, faço suposições absurdas (as piores), acho que tudo vai ser uma desgraça e que vou terminar com uma vida miserável. Como eu mudei! Há uns longos anos atrás, sempre sonhei alto, muuuitooo alto. Foi esse sonhar alto que me permitiu chegar até aqui, que me permitiu conhecer coisas, lugares, pessoas novas. Foi o arriscar, o lutar, o acreditar, o querer muito que me colocou nas mãos o que tenho hoje. E o que tenho hoje é aquilo que SOU, eu cresci, aprendi, vivi, senti, experimentei muitas coisas novas, tomei decisões, fiz escolhas, arquei com consequências, celebrei com serpentinas as vitórias e as alegrias e cheguei até aqui. Supostamente (realmente) chegar até aqui é bom. Mas eu preciso de mais. Tenho 23 anos e como qualquer jovem desta idade quer mais, mas para além de querer mais não quer, acima de tudo, retroceder na vida. Não quero voltar para casa dos pais. Não quero voltar a depender inteiramente deles. Não quero voltar para a terrinha. Não quero perder a cidade e tudo o que ela tem de melhor. Não quero perder os meus amigos. Não quero perder o que ganhei, o que me deram, o que me ensinaram. É compreensível, acho que qualquer um percebe e aceita isso. 
Mas ... o grande problema disto tudo tem a ver com laços, relações pessoais, afinidades, rotinas, hábitos, ligações!!! Dizem que quando casamos e constituímos família fica mais difícil aceitar qualquer trabalho em qualquer ponto do país ou do mundo. Porque há os filhos, o cônjuge, a nossa casa, a nossa rua, a nossa cama, o nosso sofá, o nosso quintal. Estabelecemos ligações fortes, a família é importante, sempre ouvimos dizer e sabemos disso, que isso é verdade.    
No caso específico que vos falo, não estabeleci ligações familiares, não constituí família e muito menos tive filhos. Mas criei ligações fortes, hábitos fortes, a minha personalidade e forma de estar demarcou-se. Criei ligações com pessoas que agora são realmente importantes para mim e quero que continuem a frequentar a minha casa, a jantar em minha casa, a chorar em minha casa, a rir em minha casa, a dormir em minha casa, a abrir vinho na minha casa, a tomar chá na minha casa, as horas não importam. Quero acordar e ser dona de mim, olhar a cidade ao amanhecer e vê-la ao anoitecer. Criei ligações com um lugar, um lugar que me deu pessoas especiais e importantes, um lugar que me ensinou tanto, que me deu tanto, um lugar onde eu cresci e aprendi, me transformei, limei arestas, evolui. Eu não quero retroceder. E neste país de loucos, nesta terra do nada, nesta Europa complicada, não há espaço para os meus sonhos? Para os meus projectos? Para a minha vida? Não há espaço para ser eu??? Não me tirem tudo o que consegui! Não me cortem já as asas! Quero ser criança a acreditar que tudo vai ficar BEM!

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