sexta-feira, 26 de agosto de 2011

O início

A ideia de criar um blog já vem de há muito tempo. Sempre fui uma pessoa que gosta de escrever, pelo simples prazer que isso me proporciona. Quando era mais pequenita, adorava cadernos, folhas brancas e perfeitas, o cheiro do papel em si... e poder depois, com toda a vontade do mundo, encher aquela folha com coisas minhas. A idade foi avançando e na adolescência o número de diários escritos é grande. De vez em quando ainda encontro meio perdidos por entre papéis e papelinhos, aqueles diários pirosos (em forma de coração, com cheiros, com florzinhas, com ursinhos e outros desenhos demasiado pirosos para uma pessoa agora no auge nos seus 23 anos achar decentes). Enfim, estética dos diários à parte, queria eu dizer que... sempre gostei muito de escrever. Quando entrei para a faculdade, os meus diários eram os cadernos/folhas de apontamentos, nas aulas mais entediantes rabiscava pequenas poesias, pequenas frases, pensamentos soltos, desabafos. Quando ia no autocarro, quando me sentava no jardim público... tudo era motivo para escrever. E gostava disso, era como se um peso me saísse de cima dos ombros e pudesse depois voltar a respirar tranquilamente. Sempre tive alguma dificuldade nos relacionamentos sociais, e talvez por isso tivesse desenvolvido este gosto pela escrita, o papel durante muito tempo era aquele amigo com quem não tinha coragem de falar na vida real.
Isto tudo para dizer que fruto da minha personalidade, das minhas anteriores dificuldades relacionais, a escrita era uma escape, era um contentor gigante onde eu deitava tudo aquilo que não queria em mim durante muito tempo porque me fazia sentir angustiada. Depois da fase do papel, aderi entusiasticamente às novas tecnologias e a folha branca em papel passou a ser substituída  pela folha branca do word. Passada essa fase... comecei o estágio, comecei a tese de mestrado, comecei um part-time que me matava os neurónios todos... e deixei de escrever, de ler, de fazer tudo aquilo que mantinha relativamente estável a minha sanidade mental.
HOJE FOI O DIA!
No meio da minha depressão matinal, da minha caminhada matinal, envolvida em pensamentos e sentimentos que matam pessoas, passo a citar: não tenho trabalho, não tenho a porcaria da filha da #&/# da tese terminada, não tenho casa, não tenho dinheiro, não tenho carro, sou um traste, uma pessoa com azar na vida, uma falhada... (o nome do blog não é à toaaaa!). Andei, a controlar as lágrimas que queriam saltar, juntamente com um aperto no peito que parecia que ia ter um colapso e pensei: rapariga! Como tu... há milhares. Raios partam se não arranjas maneira de te sentires melhor. Sendo eu amiga de andar a bisbilhotar blogs, ponderei que poderia realmente criar um blog. Assim sendo, voltava a escrever, ficava livre de pensamentos e sentimentos que não interessam nem ao Menino Jesus (porque deitava tudooooo para aqui) e pronto.
CÁ ESTÁ!
O blog está criado. Não sei  muito bem o que irei escrever nas próximas horas, dias, anos... nem sei  se sobreviverá muito tempo. Mas porra ... uma neurótica precisa desabafar e eu não tenho um chavo para me ir deitar no divã para um psicanalista ou um psicólogo me resolveram angústias, problemas com a mãe, com o namorado, com o gato, com a vizinha do lado e a amiga que é uma filha da mãe (atenção! não tenho problemas com esta gente toda, compreendam a perspectiva hiperbólica aqui da neurótica major) . Eu até queria, acho que seria muito giro e produtivo, mas não há como de repente tornar a minha conta bancária mais avolumada.
Já passaram pela fase dos 20-30 anos? Foi assim tão complicado tornar-se INDEPENDENTE? Arranjaram trabalhinho fácil? Tiveram medos? Pensaram que eram um erro da mãe natureza? Tiveram estaleca para levar com tiros nos escuro que às vezes somos obrigados a dar sem saber ao certo o que vai acontecer a seguir? Contem-me como foi.