quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

(Des)Arrumações

Estou farta de fazer malas, desfazer malas, arrumar tudo, desarrumar tudo. Desde Julho que ando nesta brincadeira de casas de bonecas, e parece que está para durar (por favor, que não tenha que mudar de casa tão depressa, preciso de pelo menos um ano para estabilizar). Em Julho, por motivos de força maior, regressei a casa dos meus pais, toda uma vida mudada para um outro local. Malas, malinhas, sacos de todas as cores e feitios, caixas, caixinhas e caixotes cheios até não poder mais foram embalados, amassados, apertados e transportados freneticamente. Obviamente que a coisa não durou muito tempo, em Setembro decido mudar de casa... novamente a mesma brincadeira, ainda que em proporções menos estrondosas, que sou pessoa de fazer as coisas com muitaaaaa calma, uma coisinha de cada vez. No final de Setembro mudei-me para a Alemanha, o cabo dos trabalhos para meter os bens essenciais para três meses em duas malinhas piquenas!!! Em Dezembro volto para Portugal, trabalheira ainda maior para colocar os bens essenciais levados, mais os bens essenciais adquiridos (foi preciso recorrer a ajuda germânica para fechar as malas). Malinhas desfeitas em casa dos papás, porque é Natal, porque há meses que não me punham a vista em cima. Duas semanas depois, voltar a fazer malas e a adquirir bens para voltar para Évora. Já não há paciência! Por entre estas mudanças, não referi sequer as malas feitas às custas e uma semana no Algarve e outra semana em casa de uma amiga, que me despenderam ainda umas valentes horas a escolher os tais bens indispensáveis para a sobrevivência feminina. Já tenho planos para viagens em Maio, mas sinceramente, se até lá isto não mudar, vou ter que conjecturar um plano eficaz! Do tipo, ter sempre uma mala feita com roupa e restantes acessórios importantes para quando uma pessoa muda de casa definitiva ou temporariamente. Farta de malas! Agora quero estar sossegadinha uns tempos, pode ser? 

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Praia Paradisíaca

O QUE EU PRECISAVA DISTO! Tenho a certeza que voltava muito mais preparada para enfrentar dissabores, dilemas e outras coisas que tais!

imagem: http://www.imotion.com.br/imagens/details.php?image_id=1262

De volta (à criseeeee) !!!

Passados 3 meses de aventuras e desaventuras, amores e desamores, 3 meses de pura magia e felicidade, o invólucro alemão em que estive protegida rebentou. Dia 18 de Dezembro, muito a custo, por entre abraços, palavras saudosistas, lágrimas e barras de Kinder Chocolate, lá apanhei o comboio para Munique, e depois o voo Lufthansa para Lisboa. Mal pus os pézinhos em território nacional, ainda meio estremunhada das horas passadas a voar, entre um beijinho de bem-vinda de volta e ter tempo de me habituar novamente a ouvir falar português, começam a falar-me da CRISE! Que o Passos Coelho nos quer ver pelas costas (em sentido figurado, claro está), que não há trabalho, que não há dinheiro, que não vale a pena estudar, que o melhor é emigrar, que bla bla bla e fiquei triste. Fiquei triste não só por mim, que estava de volta depois de viver o sonho alemão, mas por todos os portugueses. Enquanto estive fora fiz questão de promover o nosso país, de promover o nosso povo, falei das pessoas simpáticas que somos, da comida maravilhosa que fazemos, do mar, do fado, do futebol, da beleza da terra e das pessoas, da riqueza da nosso língua e da nossa cultura! Mesmo quando me começavam a falar da Espanha, ou da crise que atravessamos, eu continuava acima de tudo a manifestar o nosso lado bom e o orgulho que tinha nisso, não mascarando uma realidade negra, mas mostrando o outro lado da moeda. E chegar aqui, ver todo este povo mergulhado nesta tristeza, nesta agonia, nesta vontade de desistir, nesta falta de esperança, partiu-me o coração.
Neste momento também eu estou em crise, novamente sem trabalho, com contas para pagar e sem vontadinha nenhuma de continuar o meu maravilhoso mestrado (mas já está quase no final, agora é bola para a frente)! E posso dizer, que quando deixei terras germânicas, eu sabia desta minha triste condição, sabia o que me esperava, mas acima de tudo vinha com determinação e esperança de que alguma coisa se havia de arranjar, porque sempre se arranjou, e já passei por muitas situações de crise. Mas chegada cá, parte dessa determinação e esperança foi abalroada pelo pessimismo, pela descrença de muitas e muitas pessoas. Pessoas que não acreditam que eu posso arranjar um miserável trabalho que me sustente ao final do mês, pessoas que não acreditam que coisas lixadas podem acontecer mas podemos dar a volta por cima, pessoas que choram a minha desgraça mais do que eu. Por natureza, sou um ser humano bastante empático, e talvez por isso, às vezes me deixe afectar/ contaminar por esse pessimismo instaurado em Portugal, até nas camadas mais jovens. Falo-vos de um pessimismo de pessoas na casa dos 25 anos, pessoas que apesar de tudo, deviam estar no auge dos seus sonhos, no auge da esperança e da determinação, do acreditar e do conquistar novas coisas a vários níveis (isso é saudável) . É grave e preocupante que esta geração já se sinta miserável, impedida de sonhar tão cedo. Eu compreendo que de facto estamos na merda! Mas caramba, somos seres humanos supostamente capazes de desenvolver competências pessoais, de nos adaptar, de crescer, de evoluir... e podemos fazer isso em momentos de crise. Aliás, por vezes tempos de crise (mesmo de crise pessoal), são óptimos momentos de mudança, rampas de lançamento para algo novo e que pode até demonstrar-se  como algo positivo. Concerteza há quem considere que isto são palavras ao vento, e palavras destas não pagam dívidas ao final do mês. É verdade. Mas tristezas também não pagam dívidas e entre ser uma pobre coitada infeliz, posso desfrutar de ser uma pobre coitada esperançosa e disposta a lutar por alguma coisa.

PS: uma coisa que me afligiu, o aumento de preços associados aos serviços de saúde!!!!! (não esquecer deixar de ser hipocondríaca: mudar de vício!!!)